Povoado de Cimalha
Povoado de Cimalha
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Povoado de Cimalha

Felgueiras; Villa Romana de Sendim, Visitar, Imperdíveis

Descrição

O Povoado de Cimalha é um assentamento da Idade do Bronze que foi parcialmente escavado, entre 2003 e 2005, no âmbito da construção da auto-estrada A11/IP9 (sublanço Guimarães-IP4), o que originou uma intervenção arqueológica de emergência para mitigação de impactos negativos sobre o sítio arqueológico.

Os vestígios arqueológicos encontrados permitiram identificar três áreas distintas de um povoado que terá sido ocupado entre o Bronze Antigo/Médio e o Bronze Final. A intervenção arqueológica permitiu identificar uma área habitacional, uma zona de armazenamento com 122 silos e a zona de necrópole com 175 sepulturas do tipo fossa abertas no saibro.

Para além do magnífico acervo de vasos cerâmicos exumado, quase todos eles oriundos da necrópole, Cimalha veio trazer importantes dados sobre a dicotomia entre o mundo dos vivos (povoado e zona de silagem) e o mundo dos mortos (necrópole) na Idade do Bronze.

O Povoado da Cimalha localiza-se na freguesia de Sernande, numa colina de média dimensão, com vertentes suaves e sem condições naturais de defesa, enquadra-se no período da Pré-História recente designado por Idade do Bronze.

Durante os trabalhos arqueológicos que antecederam a construção da auto-estrada A11/IP9 (sublanço Guimarães-IP4), foram identificadas três áreas especializadas distintas do povoado: uma habitacional associada estruturas de aprovisionamento caracterizada por estruturas de tipo cabana, identificadas pelos buracos de poste, com silos, pavimentos e lareiras associadas; uma outra exclusivamente dedicada a silos de armazenamento de alimentos, onde avultam as mós manuais e uma área de sepulturas escavadas no saibro ou seja a necrópole do povoado. A falta de elementos físicos delimitadores destas áreas, e a proximidade entre elas, sugerem-nos que o mundo dos vivos conviviam de muito perto.

Das duas cabanas identificadas apenas nos restam os buracos de poste, os pavimentos e as lareiras. A sua construção em materiais perecíveis, como madeira em conjugação com materiais saibrosos e barrentos, apenas permite identificar a sua planimetria através dos buracos de poste existentes, assumindo-se como duas estruturas tendencialmente circulares. O número de buracos de poste identificados no interior de cada cabana, 46 e 22 estruturas em negativo, sugerem que as mesmas possam ter sido constantemente ocupadas, obrigando a reparações e remodelações periódicas.

A quantidade de fossas do tipo silo, escavadas no substrato saibroso, de armazenamento de alimentos identificados na intervenção arqueológica, estando só 16 associadas as duas cabanas, faz pressupor a existência de uma área de armazenamento comunitária do povoado.

Dos 122 silos para armazenamento identificados registam-se várias variantes tipológicas, possuindo bocas circulares ou subcirculares e com paredes concavas (bojudas), retas ou bastante irregulares. Outro dado relevante destas estruturas é a capacidade de armazenamento que cada uma delas possuía que, na sua grande maioria situava-se entre os 400 e 500 litros. A equipa de investigação arqueológica estima que os silos identificados teriam capacidade para armazenar entre 48880 e 61000 litros, desconhecendo-se até agora as espécies que aí eram guardadas.

As fossas sepulcrais identificadas, 175, são sepulturas em cista plana escavadas no saibro, correspondendo a 174 fossas de inumação e 1 fossa de cremação. A diferente orientação das sepulturas leva a crer que esta necrópole tenha sido utilizada por um longo período.

No interior de 120 destas 175 sepulturas foram exumados vasos cerâmicos, um por sepultura, com tipologias e decorações distintas. Faziam certamente parte do ritual de enterramento como vasos cerâmicos votivos, sendo que os sinais evidentes de fuligem no interior e exterior reforçam esta sua funcionalidade. Na ausência de restos osteológicos ficamos sem saber se este ritual obedeceria a alguma regra especifica, sabemos apenas que a colocação dos vasos votivos era aleatória, já que em sepulturas com a mesma orientação foram exumados recipientes em ambas as extremidades das sepulturas.

Foi este vasto conjunto de vasos cerâmicos que permitiu estabelecer uma cronologia para a ocupação do povoado, que se terá estendido desde o Bronze Antigo/Médio (finais do IIIº milénio) até ao Bronze Final.

O sítio arqueológico não está visitável, contudo o seu magnífico acervo encontra-se em exposição no Centro Interpretativo da Villa Romana de Sendim.

Bibliografia
Almeida, Carlos Alberto Brochado de; Pedro Brochado de Almeida e Francisco Fernandes (2008) Povoado do bronze final da Cimalha – Sernande Felgueiras: catálogo. 1ª ed. – Felgueiras, Câmara Municipal de Felgueiras.
Almeida, Carlos Alberto Brochado de; Pedro Brochado de Almeida e Francisco Fernandes (2008) Povoado do Bronze final da Cimalha – Sernande Felgueiras: Relatório Intervenção Arqueológica. 1ª ed. – Felgueiras, Câmara Municipal de Felgueiras.

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