Igreja de São Vicente de Sousa
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Igreja de São Vicente de Sousa

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Descrição

A igreja de São Vicente de Sousa ainda preserva muito do seu programa construtivo da Idade Média, onde não podemos deixar de salientar o arcossólio do século XII, o portal ocidental e a base da torre sineira, onde ainda podemos admirar um belo portal da época.

As inscrições exteriores balizam todos os seus momentos e vivências, desde a Idade Média até à época Moderna. A inscrição da construção do arcossólio, a inscrição comemorativa da dedicação caracterizam a sua construção e evolução na Idade Média, enquanto a inscrição da parede sul nos indica o eventual patrocinador das remodelações da Idade Moderna.

A austeridade exterior da construção pétrea é interrompida pela beleza dos ornatos do portal ocidental e da sua fachada. No interior são os retábulos dos altares e do teto em caixotões pintados que mais impressionam, pela beleza e pela iconografia que representam.

Esta igreja está classificada como Monumento Nacional desde 29 de setembro de 1977.

São Vicente de Sousa situa-se nas fraldas de São Donato, muito próximo do vale fértil, preservando grande parte da sua estrutura medieval intacta.

A morfologia do templo atual mantém a estrutura medieval bem preservada, com a exceção da capela-mor retangular e torre sineira, que foram remodeladas, e da sacristia, que foi edificada na Idade Moderna.

A presença de duas inscrições, uma funerária e outra comemorativa da dedicação da igreja, indicam que o início da construção de São Vicente de Sousa terá ocorrido na segunda metade do século XII, e a sua provável conclusão terá ocorrido no início do século XIII. A inscrição funerária ou comemorativa da construção do arcossólio é de 1162, na parede sul da nave, indica-nos, tal como em muitos outros casos de igrejas medievais, que a construção da igreja terá sido iniciada pela capela-mor. Sendo que a inscrição relativa ao arcossólio, o mais antigo até agora identificado com esta função, nos indica que na segunda metade do século XII a capela-mor já estaria concluída. A inscrição de dedicação, na parede norte da nave, indica que a obra só terá ficado concluída no início do século XIII. Nela pode ler-se que a cerimónia foi presidida pelo arcebispo de Braga D. Estevão Soares da Silva e promovida pelo prelado da igreja D. Fernando Raimundo no ano de 1214 (Rosas 2008: 318-319).

A igreja possui uma só nave longitudinal com capela-mor retangular, tendo o portal ocidental sido construído com recurso a uma estrutura pétrea pentagonal saliente à fachada, tal como se verifica em Santa Maria de Idães e Salvador do Unhão. O reportório decorativo do portal também é idêntico, onde predominam os motivos vegetalistas, com exceção do capitel exterior do lado sul que apresenta uma cara. Com quatro arquivoltas em arco de volta perfeita, que assentam sobre três colunas com bases bulbiformes, de plinto decorado por entrelaços, fustes cilíndricos e prismáticos que, como já foi várias vezes referido, mantém o aspeto regional do românico deste período (Rosas 2008: 319-320). O tímpano do portal ocidental possui a representação de uma cruz e todo o portal é encimado por uma rosácea de belo efeito.

A parede exterior sul da nave apresenta lacrimais sobre mísulas que indiciam a existência de um alpendre ou claustro (Rosas 2008: 322). Esta solução é muito idêntica à igreja de São Mamede de Vila Verde, onde na parede voltada a sul se encontram os mesmos elementos arquitetónicos.

Os alçados da nave são rasgados por vãos de janelas retangulares, já de época moderna, e dois portais, um a sul outro a norte. O portal sul é composto por duas arquivoltas e um tímpano com a representação de uma cruz circundada por entrelaços e o do lado sul é de estrutura simples e tímpano liso (Rosas 2008: 322).

As paredes laterais são rematadas por arcaturas assentes sobre cachorros lisos (Rosas 2008: 322), solução que também se pode verificar na igreja de Santa Maria de Airães e com significativas semelhanças com o Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro.

A torre sineira, na parte inferior, ostenta um portal típico da Idade Média que se articula com a construção do arcossólio e a parede sul do templo, o que indicia ser da primeira fase de construção de São Vicente de Sousa (Rosas 2008: 322).

Da Idade Moderna, como já vimos, correspondem as janelas retangulares, a reformulação da capela-mor, tal como a torre sineira, e é construída a sacristia, adossada ao alçado norte da igreja. As várias transformações que o edificado sofreu neste período terão sido patrocinadas por Manoel de Azevedo de Vasconcelos fidalgo da casa de sua majestade, conforme se poderá ler na inscrição da parede sul da nave (Rosas 2008: 323-324).

É no interior que se notam mais as remodelações do século XVII e XVIII, basta-nos admirar os retábulos, a talha dourada dos altares e o teto em caixotões pintado, sendo que estes dois últimos possuem uma rica iconografia com temas cristológicos nos altares e sobre São Vicente no teto (Rosas 2008: 326-330).

 

Bibliografia

Rosas, Lúcia Maria Cardoso; Rocha, M. J. M.; Santos, D. G; Barros, M. S. (2008) Rota do Românico do Vale do Sousa. Lousada: VALSOUSA.

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