Igreja de São Mamede de Vila Verde
Igreja de São Mamede de Vila Verde
Igreja de São Mamede de Vila Verde
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Igreja de São Mamede de Vila Verde
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Igreja de São Mamede de Vila Verde

Felgueiras

Descrição

Pequeno templo do românico tardio de expressão rural que ainda hoje encerra na sua estrutura muito dos seus elementos arquitetónicos, pintura mural e testemunhos sepulcrais, de onde se salientam dois sarcófagos de tampa monolítica de duas águas, correspondentes ao período da sua construção, finais do século XIII.

Beneficiando de ser uma igreja de apresentação do Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro, as suas reformulações e adornos acompanham as obras perpetradas no cenóbio, até à extinção das ordens religiosas em 1834.

Esta igreja está classificada como Monumento de Interesse Público desde 24 de dezembro de 2012.

A Igreja de São Mamede de Vila Verde está implantada numa zona de encosta, sobranceira a Serrinha, em que domina o extenso vale de Vila Verde e Airães.

Este templo terá sido alvo de intensos trabalhos de restauro e conservação durante a primeira década deste século. Estes trabalhos englobaram intervenção arqueológica prévia, ações de conservação e restauro, do templo e sua envolvência, que estaria desativado desde meados do século XIX (período que corresponde à extinção do Mosteiro de Pombeiro e a construção da nova Igreja de Vila Verde em 1866). Segundo fontes orais foi efetuada a transladação dos enterramentos que existiam no templo nos anos 40 do século passado (Fontes 2010: p. 16).

Não é conhecido nenhum documento que permita estabelecer a cronologia exata da fundação desta igreja, contudo nas inquirições de 1220 e 1258 referem que esta igreja integrava o padroado do Mosteiro de Pombeiro (Rosas 2008: p. 360).

O edifício atual traduz a vivência, de pelo menos cinco séculos, de um pequeno templo do românico tardio de expressão rural, com orientação canónica (oeste/este), de planta de nave única e capela-mor mais pequena e mais baixa, esta última com um pequeno balcão perimetral no interior (Malheiro 2011: 62).

Grande parte dos paramentos exteriores ainda preservam o seu aspeto original, onde são perfeitamente visíveis a cachorrada, as mísulas e rufo pétreo do alpendre em madeira, as portas com arco semicircular e as frestas de arco de volta perfeita e em capialço. Estes elementos arquitetónicos e os dois sarcófagos com tampa monolítica de duas águas serão de finais do século XIII (Malheiro 2011: 62-63).

A primeira grande remodelação do templo terá ocorrido em finais do século XVI- início do século XVII, beneficiando de ser uma igreja de apresentação do Mosteiro de Pombeiro terá acompanhado os ciclos das obras operadas no cenóbio. É durante este período que o edifício sofre alterações na capela-mor (encerramento de frestas, aberturas de janelas retangulares, portas e revestimento das paredes), na nave (abertura o altar colateral, construção do púlpito, as paredes são caiadas e construiu-se um coro alto, do qual apenas restam vestígios) e o arco triunfal é elevado e alargado (Malheiro 2011: 63).

São também deste período os restos de pintura mural que ainda se preservam nas paredes laterias da capela-mor. São assim perfeitamente identificáveis um padrão de motivos vegetalistas e geométricos à maneira dos panos de armar, dois santos, S. Bento e S. Bernardo, e o brasão dos Melos, que reforça a ligação da encomenda deste programa aos abades comendatários do Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro. De um período posterior, 1530-1550, é a representação de São Mamede que mais uma vez apresenta afinidades com a pintura mural de Pombeiro, apresentando o mesmo motivo decorativo da moldura de uma porta entaipada naquele cenóbio. Estas obras são atribuídas ao pintor Arnaus que assina várias outras obras em 1535 (Rosas 2008: 364-365).

A construção da sacristia, na falta de elementos que balizem esta obra, poderá enquadrar-se no século XVIII-início do século XIX (Malheiro 2011: 67-68), já que a desafetação desta igreja terá ocorrido entre 1834 e 1866 como já vimos anteriormente.

Bibliografia

Rosas, Lúcia Maria Cardoso; Rocha, M. J. M.; Santos, D. G; Barros, M. S. (2008) Rota do Românico do Vale do Sousa. Lousada: VALSOUSA.
Fontes, Luís Oliveira; Machado, André; Catalão, Sofia (2010) Igreja Velha de São Mamede (Vila Verde, Felgueiras). Leitura Estratigráfica de Alçados e Sondagem. Relatório Final. Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, Braga.
Malheiro, Miguel; Fontes, Luís O.; Caetano, Joaquim Inácio; Costa, Aníbal (2011) São Mamede de Vila Verde. Construir uma igreja com as suas pedras. Centro de Estudos do Românico – Rota do Românico, Lousada.

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