Aldeia do Burgo
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Aldeia do Burgo

Felgueiras, Aldeia do Burgo, Imperdíveis, Viver, Visitar

Descrição

A aldeia do Burgo, classificada como Aldeia de Portugal, possui uma longa história que nos é contada ao longo da sua estreita rua de origem romana. O edificado que a envolve serve de testemunho às várias vivências que nela se sucederam ao longo dos seus séculos de existência.

Rodeada por uma extensa mancha verde que retrata o cariz agrícola deste alvéolo de Pombeiro, a Aldeia do Burgo impressiona pela qualidade das suas construções, pelas figuras ilustres que aí se instalaram, acontecimentos históricos que testemunhou e, o mais importante, retrata a vida das gentes que aí habitaram desde a Idade Média.

Gentes essas que ainda mantêm o orgulho na sua aldeia, testemunho desse regozijo “bairrista” é a participação de toda a população, em julho, no “Há Festa na Aldeia”.

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A aldeia do Burgo que visualizados hoje é fruto de um conjunto de mutações no arranjo do espaço em torno da importante via romana, oriunda de Bracara Augusta, que fazia a ligação de Guimarães, Amarante e Trás-os-Montes atravessando o rio Vizela na imponente Ponte do Arco.

O mais antigo testemunho de edificações no Burgo surge no século XII, onde nos parece claro que aí tivera sido construída uma torre. Em dois documentos distintos, um de 1163 e outro de 1179, referem a existência de uma torre em Pombeiro. No documento de 1163 a construção da torre é atribuída a Reimão Pais de Riba Vizela que em 1610 terá sido demolida para construir o Paço de Pombeiro (Gomes 1996: 142). O segundo documento, de 1179, é um testamento de D. Gonçalo de Mendes Sousa e sua mulher D. Urraca Sanches de Celanova, em que entre muitas outras propriedades doam a torre de Pombeiro para albergaria e hospício para os peregrinos que iam a caminho de Santiago de Compostela (Gomes 1989: 190).

A estrada de origem romana conjugada com a importância que o Mosteiro de Pombeiro teve desde época medieval ajudou a potenciar a Aldeia do Burgo. O conceito de aldeia que o Burgo vai adquirindo fica patente num documento da Torre do Tombo de 1505 (Chancelaria de D. Manuel I, liv. 22, fl. 122v). Neste documento Jorge Afonso, ferreiro, adquire privilégio de estalajadeiro pelo que lhe é dada autorização para fazer e acrescentar umas casas para servirem de estalagem.

Certamente muito dos edifícios que vemos hoje, apesar das suas remodelações nos séculos subsequentes, poderão ser deste período. Parece-nos evidente que durante o século XVI, XVII e XVIII a dinâmica desta aldeia terá sido elevada, como é exemplo a construção do Paço de Pombeiro em 1610, fruto da demolição da velha torre medieval, ou as inúmeras referências documentais a vendas da Rua ou Burgo como eram constantemente indicadas nas almotaçarias do Couto de Pombeiro no início do século XVIII.

Com um desenho tipicamente urbano, a Rua do Burgo, assume-se como uma aldeia assistencial a peregrinos e comerciantes, onde as suas gentes estariam voltadas para o comercio e prestação de serviços.

Talvez esta dinâmica e a sua importância económica neste período tenha sido relevante para a instalação de algumas famílias nobres nesta aldeia, os Melos no Paço de Pombeiro e os Melos Pereira na Casa do Burgo.

Grande parte do casario atual ainda mostra características bem vincadas do século XVII e XVIII, com portas e janelas exíguas, adornos nas mísulas que suportam as bacias em granito das janelas de sacada e as escadarias em granito de acesso ao piso sobradado, como é o exemplo da Casa do Mosteiro.

No início do século XIX, a 13 de maio de 1809 durante as guerras Napoleónicas, terão passado aqui as tropas Francesas em direção a Guimarães. Segundo os relatos da época, estas tropas, terão incendiado o Mosteiro de Pombeiro, várias casas da aldeia de Pombeiro e a Casa das Portas (Coutinho 2011: 137).

Não sabemos quais foram as casas afetadas nas Invasões Francesas, mas percebemos que ao longo do século XIX as casas continuam a ser reformuladas, como é o exemplo da Casa do Sr. Francisco que ainda ostenta no lintel de uma janela a data, 1851, de reformulação da mesma.

O aumento demográfico e o fenómeno da imigração para o Brasil, de finais do século XIX e início do século XX, terá dotado o Burgo com novas arquiteturas, como é o exemplo da Casa do Dr. Roda, que se caracteriza por uma habitação de desenvolvimento vertical muito característica em toda a região.

A construção do Seminário de Santa Teresinha em 1928 acrescentou motivos de interesse a uma aldeia que por si só encerra uma cronografia rica e extensa. A edificação de um edifício imponente, assemelhando-se muito às construções de estilo Vitoriano, realçado pelos vitrais da capela retrata toda a vivencia desta aldeia e a sua convivência com o Mosteiro de Pombeiro desde a época medieval.

Bibliografia

Fernandes, Antonino M. (1989) Felgueiras de ontem e de hoje – Felgueiras: Câmara Municipal de Felgueiras

Gomes, Paulino; Pinto, Ricardo; Arruela, Maria João; Rilley, Cristina (1996) Felgueiras: tradição com futuro. Paços de Ferreira,Anegia editores.

Coutinho, Isabel Pereira (2011) Noticias das Guerras Napoleónicas – Dietário do Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro 1807-1816. Deriva, Porto.

Galeria

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